Um perseguido político da Venezuela refugia-se numa
ilha do arquipélago, no oceano Pacífico. Lá, é surpreendido em sua solidão pela
presença de um grupo de turistas. Entre eles está Faustine, por quem o
refugiado se apaixona, indo ao encontro dela todos os finais de tarde para
apreciar o pôr-do-sol. No entanto, um belo dia, ele vem a descobrir que ela
(assim como todos os demais turistas) é apenas uma imagem da realidade,
projetada por um aparelho receptor e emissor criado por Morel, o líder do
grupo, no intuito de assegurar a eternidade num determinado paraíso terreno.
“Talvez toda essa higiene de não ter esperança seja um
pouco ridícula. Não esperar nada da vida, para não arriscá-la; dar-se por
morto, para não morrer. Subitamente, tudo isso me parece uma letargia
espantosa, inquietíssima; quero que termine” (p. 31).
Borges, no prefácio nos ilude outra vez, ao tentar nos
convencer de que o romance de Bioy está livre dos pendores da narrativa
psicológica. Sim, trata-se fundamentalmente de um romance de peripécia, mas,
inelutavelmente, embarca também, em várias passagens, nas características do
primeiro gênero, muito questionado por Borges.
(trad. Samuel Titan Jr.) (Cosac Naify)
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